ACRE: Condições precárias de trabalho para agentes penitenciários leva MPT a pedir condenação do Estado ao pagamento de R$ 5 milhões e a instituir políticas públicas de atenção à segurança e à saúde desses profissionais

Na ação o Ministério Público do Trabalho pede tutela provisória de evidência para que o Instituto de Administração Penitenciária e o Governo do Acre criem políticas públicas de atenção às condições de saúde e segurança do trabalho dos agentes penitenciários

RIO BRANCO/AC (05/05/2017) - O Ministério Público do Trabalho em Rio Branco, Acre, ingressou na Justiça do Trabalho com uma Ação Civil Pública, com pedido de tutela provisória de evidência, para que o Instituto de Administração Penitenciária do Acre - IAPEN, autarquia estadual, e o Estado do Acre, criem políticas públicas de atenção às condições de saúde e segurança do trabalho dos Agentes Penitenciários estaduais. Referidas políticas públicas consistem na elaboração, implementação e manutenção de AET – Análise Ergonômica do Trabalho; de PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional e de PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

Requer, ainda, a condenação do Estado e o IAPEN em R$ 5 milhões, no mínimo, a título de recomposição por danos morais coletivos.

Com esta ação o Ministério Público do Trabalho busca não somente sanar irregularidades imediatas relacionadas à segurança do trabalho dos Agentes Penitenciários estaduais, mas proporcionar saúde a esses trabalhadores, em sua perspectiva positiva, por meio da implementação de política pública de efetiva gestão do meio ambiente do trabalho.

A Ação Civil Pública proposta pelo MPT busca expor as questões físicas e psicossociais que vêm afetando a saúde dos agentes penitenciários, a fim de demonstrar o estado concreto de coisas inconstitucionais do sistema penitenciário do Estado do Acre.

“A pretensão do Ministério Público do Trabalho, portanto, é assegurar a esses profissionais trabalho decente sob a perspectiva da saúde e da segurança do trabalho”, explica na sua fundamentação jurídica o autor da ação.

Deu origem a esta ação civil pública informações prestadas pelo juízo da Vara de Execuções Penais da Comarca de Rio Branco e pelo Ministério Público do Estado do Acre, denúncias encaminhadas ao MPT, e inspeções realizadas em penitenciárias da capital acreana.

Inspeções realizadas por peritos do MPT nas Unidades de Recolhimento do sistema penitenciário do Acre constataram  diversas irregularidades (foto:agepen-ac.blogspot.com)
Inspeções realizadas por peritos do MPT nas Unidades de Recolhimento do sistema penitenciário do Acre constataram diversas irregularidades (foto:agepen-ac.blogspot.com)

 

Em referidas inspeções, constatou-se a precariedade nos alojamentos utilizados pelos agentes penitenciários; na cozinha por eles utilizada; a existência de poços e fossas de esgoto a céu aberto; áreas de alta vegetação (matagal) em volta do ambiente de trabalho; presença de urubus em volta do local, causada pelo alto grau de poluição do ambiente de um lago que recebe os dejetos do presídio; precariedade de iluminação dos ambientes com fiação exposta (prevalecendo os arranjos manuais – conhecidos como “gambiarras”); a existência de mofo nas paredes dos ambientes; inexistência de água canalizada nos banheiros, obrigando o uso de baldes; material de trabalho sucateado; baixo efetivo de profissionais; ausência de equipamentos de segurança e proteção contra incêndios. Também foi possível constatar a grande pressão psicológica a que submetidos os Agentes penitenciários, com a possibilidade de fugas, proximidade no contato com os detentos, violências e agressões sofridas, com diversos afastamentos por questões relacionadas a doenças mentais.

Audiência
Em outubro de 2016, em audiência realizada pelo MPT, foi concedido prazo para que o IAPEN apresentasse relatório comprovando as medidas já dotadas e o cronograma de curto prazo (30 dias) e prazo de 60 dias para apresentação de cronograma de ações de médio e longo prazos que deveriam ser implantadas. Entretanto, os prazos concedidos não foram respeitados pelo IAPEN. Diante da situação de inércia quanto a adoção das providências requeridas pelo Ministério Público do Trabalho para cumprimento das normas e legislação protetiva do trabalhador, não restou outra alternativa a não ser levar o caso à Justiça do Trabalho para se obter uma solução definitiva.

Confira o inteiro teor da Ação Civil Pública clicando aqui 

Fonte: MPT/RO-AC
Assessoria de Comunicação Social (69) 3216-1265 (RO) (68) 3214-1451 (AC)

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